O nome deste blog, "Teletela Comparada", faz uma clara referência à obra de George Orwell "1984". No romance, publicado em 1948, o mundo, após uma série de guerras e catástrofes, os seres humanos não são mais "livres" como nós acreditamos ser, e são vigiados em tempo integral. O Estado é comandado pelo ditador que se auto-intitula "Grande Irmão" (Big Brother, daí o nome do programa), aquele que tudo vê, e manipula e modifica continuamente a história e o idioma, limitando cada vez mais as possibilidades de uma revolução e até mesmo a possibilidade de uma pessoa ao menos pensar nisso, mantendo também a guerra sem fim, de modo que torne o regime inabalável.
Pois bem, é justamente através das teletelas que a população é vigiada e controlada. As teletelas não só serviam para transmitir imagens como também para vigiar as pessoas, assim como no reality show, a população não tinha como nem onde se esconder: Nada escapa aos olhos do Grande Irmão.
É interessante o termo "teletela", já que na época em que o romance foi escrito, ainda não havia televisão, quanto mais telecomunicadores com vídeo, I-phone e afins. Com certeza foi um dos muitos momentos visionários do autor.
Ironicamente, assim como o Estado ditatorial do romance, o programa usa e abusa da edição de video para manipular o sentido e tom de certas situações e diálogos que ocorrem dentro da casa, manipulando por sua vez a opinião da audiência afim de atingir um determinado resultado. É impossível julgar o caráter de uma pessoa através do programa, da mesma forma que é impossível acreditar na história do mundo segundo o Estado retratado na obra de Orwell. Na verdade, é até possível crer que o programa esteja de fato sendo usado para estudar a aceitação do telespectador frente a um determinado tipo de pessoa/atitude/situação. É claro que isso seria muito útil na hora de desenvolver uma personagem de novela ou mesmo um perfil de algum aspirante a politico.
Todos estamos à mercê deste sistema, já que, uma vez que assistimos à televisão estamos absorvendo e aceitando aquilo que nos é apresentado. Cabe a nós filtrar o que é interessante ou não!
(créditos pela arte: Davis, site - http://avelate.deviantart.com/ )
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